Preparo o meu espectáculo.
Observo a assistência
e verifico se me aguarda
com ansiedade ou descrença.
Fico inquieta…
Não sei se serei capaz
de a cativar com o meu número.
Envolvo o ambiente da aura necessária,
o fumo sai da força das palavras,
o misticismo envolve-as com o seu manto.
Cheiram a incenso e mistério.
Retiro a cartola.
Nela coloco palavras cruéis,
a vaidade, a ingratidão, a inveja
e muitas outras.
Agito-as docemente na cartola,
tapando-as com um lenço de cetim.
Peço aos espectadores que retirem uma palavra.
Para espanto geral,
na cartola estão mais de mil palavras,
em pedacinhos de papel
que vão retirando, quase a medo,
o altruísmo, o amor, a partilha,
a amizade, a felicidade, a verdade
e tantas, tantas…que todos têm direito a uma.
O aplauso é geral
e eu quase me sinto
a maga das palavras.
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